domingo, 6 de dezembro de 2009

Perder alguém querido

Não há palavras para expressá-la.
Não há livro que a descreva.
Por isso,
o melhor jeito
de consolar é falar pouco,
orar junto,
sentir junto e estar presente,
cada um do jeito que sabe.
Palavras não explicam
a morte de alguém querido.
Sabem disso o pai,
a mãe, os filhos, os irmãos,
o namorado e a namorada,
o marido e a mulher,
amigos de verdade.
Quando o outro morre,
parte do mistério da vida
vai com ele.
A parte que fica torna-se
ainda mais intrigante.
Descobrimos a relação
profunda entre a vida e a
morte quando alguém
que era a razão,
ou uma das razões,
de nossa vida vai-se embora.
Para onde?
Para quem?
Está me ouvindo?
A gente vai se ver novo?
Como será o reencontro?
Acabou-se para sempre,
ou ela apenas foi antes?
Por que agora?
Por que desse jeito?
As perguntas insistem
em aparecer e as respostas
não aparecem claras.
Dói, dói, dói e dói...
Então a gente tenta
assimilar o que não se explica.
Cada um do jeito que sabe.
Há o que bebe,
o que fuma, o que grita,
o que abandona tudo,
o que agride,
o que chora silencioso num canto,
o que chama Deus para uma briga,
o que mergulha no fatalismo e o que,
mesmo sem entender ou crer,
aposta na fé.
Um dia nos veremos de novo...
enquanto este dia não chegar,
entes que eu amo sei que
me ouvem e oram por mim,
lá, junto de Deus.
Para eles a vida tem,
agora,
uma outra dimensão.
Alcançou o definitivo.
Quem fica perguntando
e sofrendo somos nós.
Mas como a vida
é um riacho que
logicamente deságua,
a nossa vez também chegará e,
quando isso acontecer,
então não haverá
mais lágrimas.
As que aqui ficaram
chorando terão a sua explicação.
Por enquanto,
fica apenas o mistério.
Alguém que não sabemos
por que nasceu de nós e por
que cresceu em nós,
por que entrou tão de
cheio em nossa vida,
fechou os olhos e foi-se embora.
Quem ama de verdade
não crê que se acabou.
A vida é uma só:
começa aqui no
tempo e continua,
depois,
na ausência de tempo
e de limite.
Alguém a quem amamos
se tornou eterno.
E essa pessoa já sabe
quem e como Deus é.
E também sabe
o porquê de sua partida.
Por isso,
convém falar com ela
e mandar recados a Deus
por meio dela.
Se ela está no céu,
então alguém,
além de Deus,
de Jesus e dos santos,
se importa conosco.
Definitivamente,
não estamos sozinhos,
por mais que doa a solidão
de havê-la perdido.
Mas é apenas por pouco tempo.
Quem amou aqui,
sem dúvida,
se reencontra no infinito...
* * * * *
Pe. Zezinho, scj
Do livro: Orar e pensar como família -
Paulinas


Recebi esse texto de um grupo de artesanato que participo,e pela primeira vez depois de 2 meses de completa revolta pela perda da minha Dankinha que até hoje não consigo aceitar,li alguma coisa que consuga refletir o que eu sinto e trazer um pouco de sossego ao coração tão magoado...

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